Jorge Jesus

Jorge Jesus, na primeira análise ao triunfo sobre o FC Porto, sublinhou que o triunfo encarnado foi inteiramente justo. No final da "flash-interview", o técnico não escondeu a emoção ao dedicar a vitória na Taça da Liga ao seu pai.

"O Benfica venceu com todo o mérito. A equipa esteve muito bem durante o jogo, soube jogar com a vantagem do marcador", afirmou Jorge Jesus à SIC.

As entradas de Airton e Alan Kardec no onze encarnado, segundo Jorge Jesus, visaram poupar Javi García e Óscar Cardozo. "Não é uma dor de cabeça [ter mais de uma opção para uma posição]. Joguei com os melhores jogadores para este jogo e todos os que entraram mostraram a qualidade desta equipa. Sabíamos que havia jogadores que estavam no limite em termos físicos, como o Javi García e o Óscar Cardozo. Eles acusaram fadiga muscular após o jogo com o Marselha e até podiam jogar, mas depois corríamos o risco de não poderem jogar com o Braga", explicou.

O facto de ter conquistado o seu primeiro troféu oficial como treinador do Benfica não alterou o discurso de Jorge Jesus, que continua a dar prioridade ao título nacional. "Temos outras provas onde estamos inseridos. O objetivo número um é ser campeão nacional", observou.

No final, então, veio um momento muito emotivo. "Quero dedicar este título ao meu pai", afirmou Jorge Jesus, com a voz visivelmente embargada e com dificuldades para conter as lágrimas.

A equipa do Benfica está "fresquinha, levezinha, parece uma alface", o que não se deve a um agricultor, mas sim a Mário Monteiro, um minhoto de 45 anos que há cinco é o preparador-físico do corpo técnico de Jorge Jesus. E o que se tem visto neste Benfica de Jesus (e de Mário Monteiro...) é o que se viu em Leiria, Belém e Braga, mas numa expressão maior: seja "fresca como uma alface" ou a "transpirar saúde por todos os poros", a equipa encarnada está num apreciável estado físico, indiferente a um calendário apertadíssimo, verificando-se também um reduzido número de lesões, em óbvio contraste com o sucedido na temporada passada.

Mais: foi depois de ter iniciado a colaboração com Mário Monteiro que Jesus acabou com o mito de que as suas equipas morriam na segunda volta do campeonato. Nas suas três últimas épocas inteiras (duas no Belenenses e uma no Braga), o técnico conseguiu fazer mais pontos na segunda metade e agora, no Benfica, para lá caminha. Sempre com Mário Monteiro. "O Mário [Monteiro] é um grande preparador-físico", resume João Alves, em declarações a O JOGO.

"É um profissional que tem um enorme conhecimento da sua área e trabalha ao pormenor, atento a tudo. Sabe o que faz e sabe conciliá-lo com o trabalho do treinador. E é também um companheiro de grupo muito bom, tem espírito de vencedor", acrescenta o Luvas Pretas, ex-treinador dos juniores do Benfica - está agora a orientar o Servette, da Suíça -, que trabalhou com o preparador-físico das águias na Académica, tendo ambos festejado a subida, em 2001/02.

O destino de Mário Monteiro cruzou-se com o de Jesus no Leiria, há cinco épocas, quando o técnico das águias rendeu, em Setembro, José Gomes, agora adjunto do FC Porto. Sem contacto anterior, apesar de terem em comum passagem pelo Moreirense, foi Raul Oliveira quem os juntou. Este antigo defesa-central conhecera o preparador-físico na Académica e indicou-o a Jesus, de quem fora jogador no Amora e no Estrela da Amadora. Jesus já tinha tido alguns trabalhos de relevo, mas o "boom" da sua carreira coincide - são factos - com a chegada de Mário Monteiro. Afinal, o segredo também passa por se rodear dos melhores para... ser o melhor.

Jorge Jesus está seguro no Benfica, pelo menos até ao final da temporada 2011/12. O técnico benfiquista assinou um vínculo contratual com as águias válido até 2011, mas a SAD benfiquista ficou com direito de opção por mais um ano. Este premissa no contrato poderia ser exercida até maio de 2011, mas os dirigentes encarnados resolveram acioná-la imediatamente, segurando assim o técnico nos próximos dois anos.

Esta decisão de Luís Filipe Vieira e Rui Costa está tomada e é do conhecimento de Jorge Jesus, que reage com agrado a mais este voto de confiança dos responsáveis benfiquistas. Com a boa campanha na Liga Europa e a liderança destacada do campeonato, o técnico ganhou mais mercado e o facto de ter passado a ser representado pelo empresário Jorge Mendes também ajuda a abrir portas, dado os conhecimentos do agente juntos de alguns dos maiores emblemas europeus. Em Inglaterra, os dois jogos com o Everton aguçaram a cobiça dos emblemas em terras de Sua Majestade e nos últimos dias foi ventilada também a possibilidade de JJ suceder a José Mourinho no Inter Milão. No entanto, para já, oBenfica não recebeu qualquer proposta nem tão-pouco abordagens superficiais, o que não invalida que os dirigentes encarnados não estejam a par do interesse que o mercado tem manifestado no treinador benfiquista.

Da parte de Jesus sempre existiu o sonho de treinar no estrangeiro, mormente em Espanha ou Itália mas, para já, há o desejo de vencer títulos noBenfica e no próximo ano enfrentar o desafio da Liga dos Campeões.

O treinador benfiquista não tem cláusula de rescisão no vínculo, mas sim uma cláusula indemnizatória em que teria de pagar a totalidade dos salários que receberia nos restantes anos de contrato. Para já, a sintonia é perfeita.

Jorge Jesus era um treinador bastante satisfeito no final do dérbi na Luz. A vitória do Benfica por 2-0 (com golos de Cardozo e Aimar) manteve os encarnados na liderança, com 6 pontos de vantagem sobre o Sp. Braga, mas Jorge Jesus não quer ainda pensar na festa do título.

Para o técnico, a entrada de Aimar no segundo tempo foi "determinante". "O Sporting não foi a mesma equipa na 2.ª parte. Na 1.ª foi muito agressiva, não nos deixou construir o jogo como sabemos e como costumamos fazer. Sabíamos que face à nossa qualidade técnica e ao facto do Sporting não poder aguentar o ritmo do primeiro tempo, tivemos a sorte de o Aimar entrar daquela forma. Foi uma estratégia pensada que surtiu efeito. Depois do 2-0, começámos a defender o resultado, como é normal", afirmou à Sport TV.

Elogiando a atitude dos jogadores - "fizeram um jogo inteligente" sublinhou - Jorge Jesus garante que o objetivo da equipa era "manter a vantagem de 6 pontos". "Temos capacidade para gerir esta vantagem", avançou.

Questionado sobre o facto de estar mais perto do título de campeão nacional, o treinador ds equipa da Luz foi prudente, "Ainda não cheira a título. O Sp. Braga acredita que pode chegar ao 1.º lugar, está tudo em aberto. Estamos preparados para sofrer e trabalhar com disciplina tática. A equipa quer o 1.º lugar do campeonato, não importa se é com 2 pontos de vantagem: o importante é chegarmos ao fim em 1.º. Vamos lutar, mas sabemos que vai haver grandes dificuldades", conclui.

A SAD benfiquista quer blindar Jorge Jesus, negociando com o técnico a inclusão no contrato de uma cláusula de rescisão a rondar os 5 milhões de euros.

No vínculo que liga o técnico aos encarnados apenas consta uma cláusula indemnizatória calculada com base no valor do ordenados. Ou seja, se sair, apenas terá de pagar ao Benfica o remanescente dos salários até final do contrato.

Quando assinou pelos encarnados, há um ano, Jesus aceitou receber pouco mais do que auferia em Braga. Na Luz, ganha 500 mil euros/ano, embora seja intenção da SAD recompensá-lo pela bom desempenho, elevando os honorários para 750 mil euros por época. Como se percebe, se um clube quiser levar o amadorense, o Benfica receberá uma quantia muito abaixo do expectável, daí que queira defender-se com uma cláusula, à semelhança do que acontecia com José Mourinho no FC Porto.

Prolongar ligação

A negociação da cláusula de rescisão será feita no final da temporada, até porque os encarnados estão concentrados na luta pela conquista do título. Esta decisão não inviabiliza, por outro lado, outra, que tem a ver com a duração do contrato.

Em maio de 2009, Jesus, de 55 anos, assinou um contrato válido por duas temporadas, mais uma de opção. A SADtinha a faculdade de acionar essa cláusula até maio de 2011, mas vai avançar de imediato, pelo que o treinador ficará atado ao emblema da águia até 2012. Os dirigentes encarnados já manifestaram o desejo em estabelecer uma ligação duradoura com o técnico.

Entre as duas partes há uma convergência de interesses, não obstante o desejo de JJ trabalhar na liga italiana ou espanhola. Com o título tão perto, as águias querem voar alto na Europa.

Jorge Jesus não quer entrar em polémicas com o selecionador nacional, Carlos Queiroz, em relação às escolhas para o Mundial de 2010, mas deixou esta sexta-feira bem vincada a sua posição sobre alguns jogadores do Benfica.

Questionado, na entrevista concedida à Benfica TV, sobre as possíveis chamadas de Fábio Coentrão, Ruben Amorim e Carlos Martins à Seleção Nacional, Jesus começou por jogar à defesa, argumentando que... "são mais-valias para o Benfica". Mas lembrou que "o Fábio e o Ruben até fazem várias posições". E acabou mesmo por sublinhar: "Se estes jogadores não forem convocados, muita gente anda distraída".

O humorista Ricardo Araújo Ferreira é o convidado desta semana da nossa rubrica «bancada d´A Bola». Benfiquista, Ricardo assume que está a sofrer desde a primeira jornada pela conquista do título de campeão nacional e, depois de ter visto adiada a festa no Dragão, acredita que, no próximo domingo, a vitória já não vai fugir ao clube da Luz.

Sempre com muito humor, Ricardo Araújo Pereira garante que, se fosse presidente do Benfica, renovava com Jorge Jesus até...2050.

Bastará que no próximo domingo o Benfica se sagre campeão nacional 2009/10 para que Jorge Jesus coloque o preto no branco relativo ao novo contrato que o ligará ao clube da Luz.

Em conversas por enquanto informais, o treinador já demonstrou a Luís Filipe Vieira e Rui Costa a disponibilidade para assinar um novo vínculo contratual, sabendo de antemão que as condições de que goza serão revistas e substancialmente aumentadas. O treinador de 55 anos sempre deixou claro que só falaria num novo contrato no final da temporada, mas as conversas entre as duas partes apontam para uma espécie de acordo de cavalheiros para estender a ligação.

A época de sucesso sob o comando de Jesus e o consequente assédio de emblemas estrangeiros no técnico, levaram a SAD benfiquista a equacionar um novo contrato, por forma a segurar o treinador por mais tempo que as duas temporadas que ainda faltam no atual vínculo. Lembre-se que ao contrato de duas temporadas juntou-se uma opção válida por mais uma época por parte do Benfica. No entanto, esta opção não será exercida no final da próxima temporada, caso Jesus firme um novo contrato que terá uma cláusula de rescisão à volta dos 5 milhões de euros - semelhante àquela que o FC Porto incluiu no contrato de José Mourinho em 2003 -, por forma aos encarnados ficarem defendidos financeiramente caso algum "gigante" da Europa decida avançar para a aquisição de JJ.

No atual contrato e em caso de rescisão unilateral, as águias apenas têm direito a um valor indemnizatório no valor dos salários do técnico no período total do referido vínculo. Algo que, previsivelmente, não viria a acontecer devido à sintonia total entre Jorge Jesus e os responsáveis encarnados que "ousaram" apostar no então treinador do Sporting de Braga.

Premiar a competência

O novo contrato que o Benfica quer oferecer a Jorge Jesus não é apenas uma medida para segurar o treinador ao clube da Luz. Os responsáveis benfiquistas pretendem também desta forma premiar o técnico pelo bom trabalho logo no ano de estreia. Jesus tem um dos salários mais baixos entre os últimos treinadores que passaram pelos encarnados, auferindo cerca de 500 mil euros por temporada, ou seja, praticamente o mesmo do que auferia em Braga.

Com o novo vínculo contratual, o treinador benfiquista verá o salário passar para o dobro ficando, mesmo assim, longe dos 1,5 milhões/ano que ganhavam os espanhóis José Antonio Camacho e Quique Flores.

Mas nem só o ordenado será revisto no novo contrato. Também a questão dos prémios sofrerá uma inflação, nomeadamente os títulos de campeão nacional e também nas provas europeias. Esta época, caso acabe o campeonato em primeiro lugar, Jesus receberá um valor próximo do salário anual, ou seja, 500 mil euros. O técnico continuará a ter outras nuances no contrato, como os prémios por assistências no Estádio da Luz.

Se Jorge Jesus já está conformado com a perda de Di María - a SAD também garantiu com celeridade o concurso de Nicolás Gaitán, substituto de Angelito a partir da próxima época -, o cenário não é igual no que diz respeito a David Luiz. Tal como O JOGO noticiou oportunamente, o técnico vem exercendo a sua forte influência na construção do plantel junto do próprio Luís Filipe Vieira no sentido de tentar assegurar que David Luiz cumpra mais um ano de águia ao peito. O timoneiro benfiquista considera que o camisola 23 é muito importante na manobra da equipa e pretende formar um grupo ainda mais forte na próxima época, por forma a lutar não só pelo título, mas também por um bom comportamento na Liga dos Campeões.

Quando foi apresentado como treinador do Benfica no verão passado, sucedendo a Quique Flores, Jorge Jesus anunciou que, com ele, as águias "iriam jogar o dobro" do que fizeram na temporada transata. Quase um depois, os encarnados conquistam o título lograram demonstrar um futebol de ataque, atraente, em contraste com o apresentando com o espanhol.

Contudo, o milagre da multiplicação não se apresentou somente na qualidade futebolística. Jorge Jesus guiou o Benfica a um total de 24 vitórias na Liga, um número que o amadorense nunca havia conseguido enquanto treinador de uma formação do escalão principal.

Em 10 temporadas na Liga principal, JJ obteve uma média de 9,4 triunfos por época, mais do que dobrando esse registo em 2009/2010. O seu melhor ano havia sido alcançado ao serviço do Belenenses, em 2006/2007, guiando os azuis ao 5.º lugar com um total de 15 triunfos.

O volume ofensivo é outro dos pontos onde se verifica esse crescimento. Em 2005/2006, a U. Leiria de Jesus anotou 43 golos, sendo que esta temporada o registo foi pulverizado, graças aos 78 golos na Liga.

Ainda «rouco» com os festejos que duraram até de madrugada, Jorge Jesus não vai esquecer tão depressa a «noite de sonho» vivida um pouco por todo o país mas com especial ênfase em Lisboa, palco privilegiado das celebrações de adeptos e equipa pela conquista do 32.º título nacional.

«Ainda estou rouco! Foi o culminar de um sonho que eu tinha em ser campeão. Fui-o na primeira vez que me deram a oportunidade de treinar um clube que luta por esse objectivo. Foi uma noite de sonho em Lisboa, que demonstra a grandiosidade dos adeptos e o amor que têm pelo clube», afirmou Jorge Jesus, em entrevista à Renascença.

Confrontado com a eventual saída de alguns jogadores durante o defeso, o técnico mostrou-se pouco preocupado, lembrando a capacidade do Benfica para descobrir «outros» no mercado.

«Se a SAD e o presidente do Benfica acharem importante financeiramente vender um ou outro jogador, é algo que terá de ser feito. Isso não me preocupa muito, porque de certeza que serão descobertos outros. O Benfica tem mais facilidade para o fazer, pois tem capacidade monetária», notou.

«Renovação? Temos tempo para falar»

Com mais um ano de contrato com o Benfica, Jorge Jesus remete para segundo plano eventuais negociações com vista à prorrogação do vínculo.

«Tenho mais um ano de contrato com o Benfica. Não se justifica falar nisso. Nunca pensei nem penso na renovação do contrato», referiu, acrescentando que terá «tempo para falar com o presidente nesta semanas que se seguem».

«Não será para nos entendermos, porque estamos entendidos», clarificou, rematando: «No futebol tudo é possível, mas as minhas ideias e convicções passam por fazer um projecto no Benfica».